Mães de autistas começam a ser orientadas para atividades com filhos

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Um grupo de dez mães de crianças autistas começou a ser treinado nesta quarta-feira (14/8) para engajar os filhos em atividades do dia a dia e brincadeiras. O Programa Internacional de Capacitação de Familiares e/ou Cuidadores de Crianças com Atraso no Neurodesenvolvimento/Autismo é uma parceria da Prefeitura de Curitiba com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Fundação Autism Speaks e a ONG local Ico Project.

As mães são capacitadas por quatro profissionais – dois servidores da Secretaria Municipal da Saúde e dois da Ico Project, a terapeuta ocupacional Larissa Bindo e a fonoaudióloga Edilici Malucelli.

“Damos orientações que ajudam os pais a estimular as crianças”, diz o psicólogo Eduardo Cassanho de Oliveira, coordenador da Linha de Cuidado do Autismo da secretaria.

“Este programa é essencial”, afirma a analista de Departamento Pessoal Elisangela Pilar Reis, mãe de Júlia, de 5 anos, voluntária na capacitação dos especialistas, realizada pela OMS desde o ano passado, quando o município firmou a parceria. “Estou aprendendo bastante. Por exemplo: antes, a Júlia só apontava para o que queria, sem falar nada. Aí, passei a dar opções, como água e suco, e ela começou a verbalizar”, conta.

As mães também são orientadas para identificar crises de acordo com o comportamento dos filhos, uma vez que confundir birra com agitação é comum. A estudante Yasmin Roberta Fernandes, mãe de Miguel, quatro anos, já aprendeu a lidar com essa situação: "Eu percebo que meu filho faz birra quando finge dor ou que está doente. Quando está agitado ele se bate", conta ela.

Segundo Eduardo, o esforço dos pais faz toda a diferença na melhora do desenvolvimento dos filhos. Para o psicólogo, o importante é demonstrar, para o autista, que a família o aceita e o ama.

O encontro no Centro de Especialidades Médicas Enccantar foi o primeiro de nove sessões dos especialistas com os pais. Antes, eles visitaram as famílias.

Pioneirismo
Curitiba foi a primeira cidade do mundo a firmar diretamente essa parceria com a OMS, em março de 2018 - hoje, há 30 países no programa. Até então, os convênios eram feitos entre a OMS e governos federais.

Eduardo e Cláudia Rabel, psicóloga do Ambulatório Enccantar, são os facilitadores que vão capacitar outros profissionais para atuar na Atenção Primária da Saúde.

Com isso, os facilitadores serão multiplicadores do processo. O objetivo é estender a capacitação a todos os pais e cuidadores de crianças entre 2 e 9 anos com Transtorno do Espectro Autista de Curitiba no prazo de cinco anos. Serão priorizadas famílias de regiões de alta vulnerabilidade da cidade.